Aldeias de Portugal
Agora têm números, mas estão sem gente. Que bonito é quando lhe chamamos a casa do "Ti Américo"!
Mas agora o mundo está assim, trocamos rostos por números, trocamos atitudes por fachadas, trocamos o real pelo irreal.
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Que saudades eu já tinha
da minha alegre casinha
tão modesta como eu.
Como é bom, meu Deus, morar
assim num primeiro andar
a contar vindo do céu.
O meu quarto lembra um ninho
e o seu tecto é tão baixinho
que eu, ao ir para me deitar,
abro a porta em tom discreto,
digo sempre: "Senhor tecto,
por favor deixe-me entrar."
Tudo podem ter os nobres
ou os ricos de algum dia,
mas quase sempre o lar dos pobres
tem mais alegria.
De manhã salto da cama
e ao som dos pregões de Alfama
trato de me levantar,
porque o sol, meu namorado,
rompe as frestas no telhado
e a sorrir vem-me acordar.
Corro então toda ladina
na casa pequenina,
bem dizendo, eu sou cristão,
“deitar cedo e cedo erguer
dá saude e faz crescer”
diz o povo e tem razão.
Tudo podem ter os nobres
ou os ricos de algum dia,
mas quase sempre o lar dos pobres
tem mais alegria.
Musica: “Minha Casinha” cantada por Milú, em 1943, no filme “O Costa do Castelo” de Arthur Duarte