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28
Set 07

Com o mês de Setembro chegam as vindimas, celebradas um pouco por todo o Norte mas com particular autenticidade, tradição e identidade na região do Douro.

Este é um dos principais cartazes de promoção turística através de um espectáculo que atrai cada vez mais visitantes, ao longo das encostas, pelos vinhedos. Os homens carregam os cestos das vindimas às costas, enquanto as mulheres entoam cantigas populares associadas a estas festividades.

 

Não faltam propostas para quem quiser tomar contacto com tudo o que diz respeito a uma vindima, acompanhando todo o processo, desde o cortar e transportar das uvas, até ao engarrafar, encher pipas e servir vinho.

 

A vindima

 

Quando o dia rompe chuvoso é porque alguém com certeza fez zangar o S. Pedro, e as primeiras chuvas chegam, agora que o Verão finda.

 

O cheiro a terra molhada invade toda a aldeia e os primeiros "taralhões" fazem-se ouvir nos ramos da oliveiras, carregadinhas de botões verdes que em breve ficaram pretos e prontos para ir para o lagar.

 

O mais apressado diz:

- Vamos embora que já saiu toda gente, já somos os últimos. E lá seguimos todos tal e qual uma procissão até a horta onde as uvas nos esperam. A chuva continua a cair agora já um pouco a medo, daquela que dizem molha parvos, mas isso nunca será impedimento para que a vindima não seja concluída.

- Vão "abregoutados", grita alguém.

– Deixem de ser meninos copo de leite tá a andar. Responde outro.

 

Ir para a vindima é como ir para a festa, durante o caminho não faltam as piadas e as “bocas” para os mais atrasados ou aqueles que ainda não tiveram tempo de acordar. E lá vamos serpenteando pelos caminhos entre pinhais e hortas.

 

Chegados há vinha, agora é mãos à obra acabou-se o falatório, balde numa mão, faca na outra e começa a lufa-lufa.

- Temos que acabar isto até a hora do almoço. Ameaça alguém, e lá se vão enchendo os baldes de cachos com grossos bagos de uva, a um ritmo cadenciado pelas "bocas" e as partidas que ainda não pararam.

Brancas, pretas, morangeiras tudo se mistura e é daí que vem a riqueza e a originalidade deste vinho que para os entendidos será uma “mistela” mas que para nós tem o sabor da tradição e que não trocaríamos pelo melhor champanhe do mundo.

 

Finda a vindima, regressamos a casa, as uvas vão no tractor que substitui agora os "machos" e mulas. Chegados a casa, há que preparar rapidamente a adega para as uvas não esperarem muito tempo. Limpo o tanque, há que colocar o "relador" a moer as uvas na posição.

 

A máquina ainda manual e já com sinais de velhice evidentes lá vai cumprindo a sua missão mais um ano. Uvas, muitas uvas na cuba de madeira vão passando pelos rolos saindo do outro lado já em mosto. O sumo da uva vai correndo para dentro do alguidar, agora está na hora de entrarem em acção os conhecimentos do "antigos" e colocar o ovo dentro do liquido para apurar da quantidade de açúcar que o vinho tem, se o ovo não mostrar a cara então não tem suficiente açúcar e a fermentação vai ser fraca, é pois preciso juntar mais um pouco mais, mas daquele amarelo claro, porque o outro não presta.

 

Finalmente o vinho fica pronto e agora só falta encher os pipos e rezar a todos os santinhos para que não azede e estar de olho vivo durante a fermentação pois "o olhar do dono engorda o porco".

 

Lá para Dezembro já saberemos o que nós reserva esta colheita tardia e a qualidade da "pinga", se bem que isso nem é o mais importante, aquilo que todos queremos é mesmo o manter viva mais esta tradição que continua ainda a servir de desculpa para juntar a família uma vez por ano.

Texto obtido in "http://blogcardigos.blogs.sapo.pt/arquivo/1047467.html"

 

Com certeza todos têm na memória ainda o que eram as verdadeiras vindimas "à antiga", aqui à uns anos atrás. Proponho que enviem textos sobre as vossas experiências e memórias das vindimas.

publicado por a nossa terra às 16:23


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