Meio de informação e divulgação, aberto à iniciativa e participação da comunidade, procurando difundir a actividade local entre 22 de Junho de 2007 a 1 de Outubro de 2013. Obrigado a todos os 75.603 leitores.

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Mar 09

 

Museu Municipal de Penafiel

 

por Maria José Santos e Maria do Rosário Marques

 

Instalado no palacete setecentista dos Pereira do Lago, em pleno centro histórico e comercial da cidade de Penafiel, no nobre edifício onde posteriormente funcionou o Colégio do Carmo e mais tarde o Liceu de Penafiel, tendo aqui estudado gerações de penafidelenses, entre os quais se destacam Leonardo Coimbra, José Monteiro de Aguiar e seu irmão, o Padre Américo, ou ainda o poeta José Júlio Barbosa, D. António Meireles, bispo do Porto, e também Abílio Miranda, o fundador do Museu Municipal de Penafiel.

O Museu Municipal de Penafiel, tutelado pela Câmara Municipal de Penafiel, é um serviço público formalmente constituído desde 17 de Abril de 1948. Integra a Rede Portuguesa de Museus desde 18 de Maio de 2003, e para além do núcleo-sede conta com duas extensões: os núcleos museológicos do Castro de Monte Mozinho e do Moinho da Ponte de Novelas.

O acervo que hoje integra é constituído pelas colecções de arqueologia, etnografia e história local, e começou a ser coligido nos finais de oitocentos por um particular. A sobrevivência deste espólio deve-se à acção de Abílio Miranda, que conseguiu junto do poder local criar um museu público onde pudessem ser recolhidos e mostrados os objectos ligados ao património e à História do concelho que ao longo da vida foi recolhendo, continuando a enriquecer o acervo existente até ao seu desaparecimento, em 1962.

Para além da acção do fundador foram igualmente determinantes para o Museu Municipal as investigações e escavações arqueológicas no Castro de Monte Mozinho, iniciadas de forma sistemática em 1974 por Carlos Alberto Ferreira de Almeida, cuja dinâmica contribuiu de forma decisiva para o enriquecimento da colecção de arqueologia, congregando simultaneamente em torno do Museu um grupo de jovens que viria a eleger o concelho de Penafiel como sua área de investigação.

Deste núcleo viriam a destacar-se os trabalhos de Teresa Soeiro (nas áreas da arqueologia, da etnografia e da história contemporânea local), que ao longo dos últimos trinta e cinco anos têm vindo a enriquecer o acervo do Museu através da recolha sistemática de colecções representativas de actividades tradicionais em vias de desaparecimento ou já desaparecidas, contribuindo igualmente para aprofundar o conhecimento histórico-arqueológico sobre o concelho Penafiel.

O Museu Municipal caracteriza-se por uma associação entre a actividade museológica e o estudo da história e do património arqueológico locais, assumindo-se como um museu de identidade, garante da preservação da memória colectiva penafidelense e em constante processo de aprofundamento do conhecimento, mantendo uma linha sistemática de recolha e estudo de colecções e de investigação histórica e arqueológica, levada a cabo não só pela equipa técnica do Museu, mas também através do apoio prestado a diversos investigadores ligados ao meio académico, provenientes de Universidades nacionais e estrangeiras, e outros estudiosos e interessados.

Com linha editorial própria e com diferentes níveis de informação, o Museu Municipal tem vindo a publicar de forma continuada vários estudos de divulgação das colecções e do património histórico-arqueológico do concelho, bem como alguns roteiros temáticos e diversos folhetos informativos, tentando assim chegar a vários tipos de público.

O Museu Municipal é actualmente composto pelos Serviço Educativo, Serviço de Gestão de Colecções, Serviço de Gestão do Património Cultural e Centro de Documentação, estando em curso a instalação de outros serviços previstos no Regulamento Interno. Realiza visitas guiadas ao núcleo-sede, aos núcleos dependentes, à cidade de Penafiel e ao património histórico-arqueológico do concelho.

Nas novas instalações a área expositiva é composta por cinco salas de Exposição Permanente e uma sala de Exposições Temporárias. A primeira exposição temporária que estará patente ao público a partir da inauguração do Museu foi comissariada por José Bernardo Távora, e é dedicada ao projecto de arquitectura.

Existe uma Associação de Amigos do Museu Municipal de Penafiel, constituída em 1999. Dos fundadores destacam-se o primeiro Presidente da Direcção, o neurocirurgião António Rocha Melo, e o ainda Presidente da Assembleia-Geral e antigo Presidente da Assembleia da República, António Barbosa de Melo, para além de outras personalidades ligadas ao concelho de Penafiel.

 

Exposição Permanente:

 

- 5 salas temáticas, designadas Da Identidade, Do Território, Da Arqueologia, Dos Ofícios, Da Terra e Da Água, cada uma com um tratamento expositivo diferenciado de acordo com as características próprias de cada tema retratado. Todas as salas dispõe de recursos e animações multimédia, com sistemas vídeo e áudio que procuram tornar a exposição mais apelativa, didáctica e até divertida, acessível a diferentes públicos e faixas etárias, havendo diferentes níveis de informação disponível. Estão patentes na exposição vários filmes de diversas temáticas, realizados especificamente para o efeito, mas também alguns filmes de época, pertencentes ao acervo de diversas instituições, como a Cinemateca Portuguesa ou o Arquivo RTP.

- Na sala Da Identidade procurou retratar-se o percurso histórico da formação do concelho de Penafiel através da apresentação de um conjunto de documentos, com animação gráfica e tratamento visual muito apelativo, dos quais se destaca o documento de fundação do Mosteiro de S. Pedro de Lardosa, na freguesia de Rans, em Penafiel, datado de 882 e que constitui o diploma mais antigo que se encontra na Torre do Tombo.

A construção da identidade é também materializada nesta sala em algumas peças de eleição e no destaque de algumas figuras que povoam o imaginário penafidelense, como é o caso de Egas Moniz de Ribadouro ou do Padre Américo. Destacam-se ainda um candil da primeira metade do século X, peça que constitui um dos mais antigos exemplares muçulmanos conservados em Portugal, aqui apresentada de forma invulgar e inovadora, com recurso a um holograma desenvolvido pela Universidade de Aveiro, e ainda a designada Colcha Municipal, peça de origem indo-portuguesa, datada do século XVIII, em seda bordada a ouro com motivos vegetalistas estilizados representando a árvore da vida, que era utilizada para engalanar as varandas da Câmara aquando das festas do Corpo de Deus.

- Na sala Do Território a tónica foi colocada nas diversas vertentes do que é o território penafidelense, quer em termos geográficos, administrativos, históricos, turísticos e patrimoniais, apresentados de forma lúdica e interactiva, em que o visitante pode ir “passeando” virtualmente pelo espaço do concelho e da cidade. Destaca-se nesta sala o “olhómetro”, peça especialmente concebida para o Museu Municipal sobre a qual se projecta uma animação que promete despertar a curiosidade de miúdos e graúdos, e através da qual se pode “espreitar as vistas”.

- Na sala Da Arqueologia o visitante pode percorrer cinco mil anos de vestígios arqueológicos da presença humana no concelho, entrando numa dimensão mais obscura e misteriosa, que apela aos sentidos através da recriação de monumentos, sítios e espaços à escala real, conduzindo o público a vivências passadas, reforçadas pelo ambiente sonoro criado. Aqui a tónica foi colocada nos vários recursos multimédia e didácticos utilizados, que procuram elucidar o público de forma atractiva, interactiva e pedagógica, deixando também espaço à imaginação. Destaca-se nesta sala não só a forma ousada e original de expor algumas das peças apresentadas, tendo sido acauteladas todas as questões relacionadas com a conservação preventiva, mas também a importância do papel do arqueólogo e do seu trabalho enquanto responsável pela transmissão e progresso do conhecimento sobre o passado.

- Na sala Dos Ofícios o visitante pode contactar com algumas das principais actividades profissionais do concelho no passado, apresentadas com base em duas linhas condutoras, o ferro e a madeira, e intimamente ligadas às duas principais festas da cidade: o Corpo de Deus e a Feira de S. Martinho. Estas festividades são evocadas através de imagens em que o seu passado convive lado a lado com o presente. As imagens videográficas são também a porta que nos conduz para o mundo mágico destas oficinas, onde o saber de gerações de artífices se foi transmitindo, e que nesta sala pode ser visto em peças como as chancas, que eram fornecidas à Casa Real, ou as candeias de Penafiel, outrora produzidas em grande quantidade para abastecimento do mercado nacional e brasileiro. Nesta sala pode também consultar-se, em formato digital, o livro do Tombo das Festas do Corpo de Deus, documento do século XVII, que regulamentava as obrigações de cada corporação de ofícios que integrava as solenidades desta festividade.

- Na sala Da Terra e Da Água é retratado o mundo rural com recurso a peças simultaneamente tão próximas e tão distantes do nosso dia-a-dia, através da exibição de imagens de época e reconstituições em que procuramos evocar antigas tradições de exploração dos recursos naturais, terra e água, que nalguns casos sobreviveram e chegaram até aos nossos dias, como as enxadas ou foicinhas, mas que noutros estão há muito esquecidas, como o engenho de maçar linho ou a sibana. O visitante é também desafiado a experimentar as sensações na caixa das sementes ou ao tocar os tecidos. As emoções são também despertadas pela surpreendente solução expositiva desenvolvida para expor as duas embarcações tradicionais que se podem ver nesta sala, e pelo ambiente sonoro que o envolve mais profundamente no meio rural.

publicado por a nossa terra às 14:17


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