Rio Tâmega
(onde se afogaram várias pessoas de quem todos choramos com saudade e solidariedade).
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Navega nas águas do meu rio
Sem medo que o fundo te atraia
Sente o meu gelo ao tremer de frio
Enche-te de água, não voltes à praia
Prende os pés nos meus braços escondidos
Respira água fresca como o oxigénio
Perde-te onde muitos estão perdidos
Inteligente e inútil, apagado génio
Deixa que te chamem cá de fora
Deixa que chorem a tua ausência
A tua vida por um fio, já não demora
A perder forma, cor e existência
Os teus progenitores entristecidos,
Choram a injustiça destas águas paradas
Todas as almas desaparecidas
Vão unir-se para calar as tuas chamadas
Tu já não matas nem mentes
Já não há quem se vá entregar a ti
Não afogas as almas destas gentes
Não gelas o meu corpo, porque nem o teu frio senti.
Autor: Bruno Queirós
in jornal “Villa Bonelli”, edição n.º 152 (Julho/Agosto de 2013)