Panorâmica aérea sobre Carvalhinhas, Escolas de Bairros n.º 2, Mouril, Souto e Estremadouro (Norte)
Caracterização
O lugar das Carvalhinhas, ocupa uma das áreas centrais da freguesia de Boelhe, junto à Samardã, Calvário e Souto Velho. Dividido parcialmente pelas suas ruas, travessas, quelhos e becos, Carvalhinhas tem diversas dificuldades, nomeadamente de circulação, atendendo à ruralidade das suas vias, construções antigas e forte densidade habitacional, cujo desenvolvimento nem sempre foi acompanhado das mais diversas infra-estruturas básicas.
A rede de água pública e o ordenamento das novas construções, sobretudo na parte mais alta do lugar, alteraram substancialmente o modo de vida da população, encontrando-se em fase de construção a instalação da rede de saneamento básico. O desvio eficaz das águas provenientes de minas e da própria encosta do Esporão são problemas apontados pelos seus habitantes, verificadas sobretudo nas épocas das chuvas.
As alminhas das Carvalhinhas, construídas no século passado, velam pelas almas dos seus falecidos. A história da freguesia de Boelhe tem neste lugar um dos seus pontos característicos: a cestaria tradicional.
Num tempo sem plástico nem outros materiais sintéticos, em que o papel era caro, raro e pouco resistente, as necessidades de acondicionamento para deslocação e arrumação dos mais diversos bens tiveram de ser supridas com os recursos acessíveis, fossem eles contentores feitos de pele ou têxteis, recipientes cerâmicos e de madeira, ou a cestaria, presente num sem número de situações de todos os quotidianos, objecto deste trabalho.
De comprovada antiguidade, esta arte manteve-se na área de Penafiel, de Lagares a Peroselo, Vila Cova ou Boelhe. O cesteiro de Boelhe (ou das Carvalhinhas) era em 1988 Agostinho Pinto, de setenta e dois anos, natural de Sande, Marco de Canaveses, mas já recenseado como cesteiro e morador em Souto Velho em 1945. Começara a trabalhar em menino, com o pai, exercia o ofício em casa, apenas ajudado pela mulher e não tinha problema em vender toda a obra, que era a tradicional na região.
O covo era uma arte de pesca para ser colocada no rio isolada e iscada, presa a qualquer elemento fixo da margem. Um pescador da borda do Tâmega, de Boelhe, voltou a fabricar, em 1987, um covo tradicional, destinado ao Museu Municipal de Penafiel. Trata-se de uma estrutura tronco-cónica de superfície arqueada, que na base circular apresenta uma armadilha reentrante e afunilada, o nasso. A estrutura é de varas grossas de silva a que se retiraram os espinhos, mas com casca. Cada vara é dobrada a meio, formando duas talas da urdidura do covo, e o cruzamento dos respectivos ângulos constitui o vértice da armadilha. Cobre esta estrutura uma tecedura realizada com varas de videira.
A cestaria tradicional executada na freguesia de Boelhe, que hoje não tem artesãos no ofício, deve ser olhada no quadro dos trabalhos desta arte que por todo a região se faziam, deitando mão a recursos naturais e técnicas variadas, a partir das quais se fixaram tradições diferenciadas, mesmo que para dar resposta a necessidades semelhantes.
“Cesteiro que faz um cesto
faz um cento,
se lhe derem verga e tempo.”
fonte: “A Cestaria Tradicional em Penafiel”, por Teresa Soeiro (UP - FLUP/CITCEM)
Locais de relevo interesse paisagístico ou patrimonial:
. Alminhas das Carvalhinhas
. Beco das Carvalhinhas
. Quelho das Carvalhinhas
. Percurso pedestre “alto da Samardã”
Lugares próximos:
. Calvário
. Samardã
. Souto Velho
. Bairros
Ruas de referência:
. Rua Canto das Carvalhinhas Boelhe, Penafiel, Porto 4575-102 Boelhe
. Rua do Cesteiro Boelhe, Penafiel, Porto 4575-102 Boelhe
. Beco das Carvalhinhas Boelhe, Penafiel, Porto 4575-088 Boelhe
. Rua da Fonte Boelhe, Penafiel, Porto 4575-111 Boelhe
. Rua das Carvalhinhas Boelhe, Penafiel, Porto 4575-088 Boelhe
. Travessa das Carvalhinhas Boelhe, Penafiel, Porto 4575-088 Boelhe
- apoio e incentivo ao comércio local, meio associativo e dinamização social/empresarial da freguesia de Boelhe
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